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View Full Version : José Hermano Saraiva



Catrau
07-20-2012, 03:51 PM
Faleceu hoje alguém que conheço,... quase desde que eu próprio me conheço.
Nasceu em Leiria em 1919, foi ministro do Estado Novo e Embaixador no Brasil mas foi sobretudo um grande Português que nos soube ensinar, durante décadas, quem afinal nós somos.
Contou-nos centenas de histórias. Às vezes especulou mas manteve sempre grande lucidez e fio condutor.
Desprezado com frequência pelo mainstream da historiografia portuguesa sobretudo por, entre outras coisas, nunca ter embarcado na recente visão mouromaníaca da nossa história, essa negação do que é ser português que só existe na imaginação de uma punhado de idiotas. Apesar desse desprezo de alguma minoria, sempre foi amado pelos portugueses e passou a ocupar o lugar que muitos estudiosos condicionados pela ideologia política, gostariam de ter ocupado.
Um dos maiores comunicadores de sempre.
O meu gosto pela minha Terra, pelo meu país, pelo meu povo e pelas minhas extraordinárias raizes vem precisamente das horas passadas a ouvir as suas histórias.

Obrigado Professor.

http://i1074.photobucket.com/albums/w420/1Catrau/Hermano_Saraiva3.jpg

A última entrevista no programa Alta Definição por Daniel Oliveira
http://sic.sapo.pt/973760

Damião de Góis
07-21-2012, 01:56 AM
Ainda me lembro quando ele foi à minha escola secundária. Apesar de adolescente ouvi-o com todo o prazer. Sempre gostei dos programas dele também.

Que descanse em paz.

Catrau
07-23-2012, 05:13 PM
Uma perspectiva interessante, as coisas que se aprendem e se confirmam.

"Ninguém como ele conseguiu prender o povo à pantalha, passeando pela pequena e pela grande História daquilo que para muitos ainda é Portugal. De JHS jamais se escutou algo que não fosse a exaltação, mesmo que revestida de crítica, do passado de um país que ele acreditava ser eterno. Comunicador como não existe hoje algum que se lhe possa comparar, JHS explicou acontecimentos, desfiou nomes, datas, locais e obras. Conhecia o país como ninguém e sabia o que havia a fazer para manter a chama daquilo que consubstancia a própria existência da nação e do Estado. Um gigante entre ignotos pigmeus invejosos, foi caluniado, inutilmente diminuído numa vã tentativa de o ostracizar. E quem o critica? Precisamente quem reescreveu a História ao sabor da iconoclastia que pretedia legitimar uma ínfima minoria de assaltantes do poder a soldo de uma hoje extinta potência do Leste, precisamente aquela trupe de sapiências que inventou os "cónios", o proto-sovietismo na Crise de 1383-85, ou as mirambolantes teorias de "contradições" entre tudo e mais alguma coisa. Não o conseguiram, pois o calor irradiado pela palavra de JHS, era por si capaz de aglomerar as mais díspares gentes cansadas de resmas de papelada em branco, das contas de ábaco de arrobas ou alqueires do nada, de desconhecidas lutas e ainda menos visíveis supostos heróis. Não, o Infante não era um fascista, nem o Albuquerque um pérfido negreiro e pasmem alguns, D. Afonso Henriques, o Mestre de Aviz, Nun'Álvares, D. João IV, os homens da Restauração e D. Carlos fizeram Portugal, existiram e partilharam grandezas e dificuldades, corporizando a nação. Sempre o soubemos e JHS disse-o a muitos milhões - o tal povo a que certas luminárias jamais tiveram acesso -, reafirmando as certezas que todos conhecem e alguns teimam em ignorar para o agrado de tudo o que é estranho ao país.

José Hermano Saraiva por vezes intencionalmente exagerava? Decerto. O Professor imaginava para além de uma realidade talvez menos brilhante? Sim, fê-lo decididamente e tendo como único e exclusivo fim, o alijar do esmagador peso de uma culpa sem culpa, atirada para os ombros de uma população despoticamente submetida a excelsas nulidades com dono e que ainda contam com alguns privilegiados de repimpada classe, imbecis e irrisórios sequazes.

Portugal perdeu quem o defendia."
Retirado do blog "Estado Sentido"

http://networkedblogs.com/A6znW