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Thread: Quais imigrantes e ascendência é mais superestimada pelos brasileiros de forma geral?

  1. #11
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    Quanto aos portugueses, acho mais razoável, já que houve uma relação colonial, e é assim, em grande parte, ainda dentro desses parâmetros, que Portugal e os portugueses se relacionam conosco. Também há a questão dos africanos, o tráfico, 4 séculos de escravidão, assim como a dos indígenas, ocupação da terra, "administração", etc. São questões no mínimo controversas e sujeitas a serem olhadas de vários ângulos. Melhor ficar omisso, quanto a eles, então, pelo menos quanto às grandes redes de comunicação. Com os italianos a relação é após a independência do Brasil, então não há nenhum viés colonial. Falo isso como pessoa cujo componente ancestral maior - de longe - é português. Eu já viajei na Europa bastante, e posso dizer que os italianos são os mais simpáticos com o Brasil, no geral. Não tenho problemas com a promoção dos italianos. Só acho que, até para não distorcer o Brasil, os outros grupos deveriam ter mais destaque. Muita gente nem sabe que os espanhóis tiveram impacto numérico maior do que os alemães, por exemplo.

  2. #12
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    Quote Originally Posted by curupira View Post
    Quanto aos portugueses, acho mais razoável, já que houve uma relação colonial, e é assim, em grande parte, ainda dentro desses parâmetros, que Portugal e os portugueses se relacionam conosco. Também há a questão dos africanos, o tráfico, 4 séculos de escravidão, assim como a dos indígenas, ocupação da terra, "administração", etc. São questões no mínimo controversas e sujeitas a serem olhadas de vários ângulos. Melhor ficar omisso, quanto a eles, então, pelo menos quanto às grandes redes de comunicação. Com os italianos a relação é após a independência do Brasil, então não há nenhum viés colonial. Falo isso como pessoa cujo componente ancestral maior - de longe - é português. Eu já viajei na Europa bastante, e posso dizer que os italianos são os mais simpáticos com o Brasil, no geral. Não tenho problemas com a promoção dos italianos. Só acho que, até para não distorcer o Brasil, os outros grupos deveriam ter mais destaque. Muita gente nem sabe que os espanhóis tiveram impacto numérico maior do que os alemães, por exemplo.
    Tenho a impressão que tudo que é colonial e europeu(majoritariamente português) tende a ser ignorado...O impacto genético e cultural que os portugueses tiveram é na minha opinião o mais subestimado no Brasil em geral!Encontra-se a marca dos lusos em praticamente qualquer canto desse país.

  3. #13
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    Quote Originally Posted by curupira View Post
    Quanto aos portugueses, acho mais razoável, já que houve uma relação colonial, e é assim, em grande parte, ainda dentro desses parâmetros, que Portugal e os portugueses se relacionam conosco. Também há a questão dos africanos, o tráfico, 4 séculos de escravidão, assim como a dos indígenas, ocupação da terra, "administração", etc. São questões no mínimo controversas e sujeitas a serem olhadas de vários ângulos. Melhor ficar omisso, quanto a eles, então, pelo menos quanto às grandes redes de comunicação. Com os italianos a relação é após a independência do Brasil, então não há nenhum viés colonial. Falo isso como pessoa cujo componente ancestral maior - de longe - é português. Eu já viajei na Europa bastante, e posso dizer que os italianos são os mais simpáticos com o Brasil, no geral. Não tenho problemas com a promoção dos italianos. Só acho que, até para não distorcer o Brasil, os outros grupos deveriam ter mais destaque. Muita gente nem sabe que os espanhóis tiveram impacto numérico maior do que os alemães, por exemplo.
    Talvez a lusofobia desenvolvida por parte da população brasileira durante os séculos XIX e XX seja a maior culpada por essa "ocultação" da presença ibérica e exaltação de povos não-ibéricos no Brasil. O colonizador português acabou sendo transformado em vilão.

  4. #14
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    11-06-2016 @ 10:36 PM
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    ^ Um outro fator é que no geral os portugueses e espanhóis se assimilam bem. Italianos que falavam línguas diferentes e mais ainda os alemães tendiam a estabelecer comunidades mais ou menos isoladas, o que nunca aconteceu no caso dos portugueses e também não no caso dos espanhóis.

  5. #15
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    09-15-2015 @ 01:27 AM
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    Eu ainda acho que os espanhóis ganham nessa. Eles desembarcaram em número considerável por aqui, mas ninguém nem fala da presença e influência deles. Os portugueses ainda são bem citados em diversos aspectos.
    Acho que os espanhois "ganham" por pouca citação, mas os portugueses na minha opinião são os mais subestimados pois, ao menos aqui no sul, dizer que é de origem portuguesa o ditado é: "sou pelo duro", ou necessariamente misturado... é como que ser de origem portuguesa fosse algo sem história, algo comum demais pra ser citado. Enquanto os que dizem: sou de origem italiana, sou de origem alemã, tem muito mais "appeal". Na realidade o que falta é estudo, principalmente de história pras pessoas...

  6. #16
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    Acho que os espanhois "ganham" por pouca citação, mas os portugueses na minha opinião são os mais subestimados pois, ao menos aqui no sul, dizer que é de origem portuguesa o ditado é: "sou pelo duro", ou necessariamente misturado... é como que ser de origem portuguesa fosse algo sem história, algo comum demais pra ser citado. Enquanto os que dizem: sou de origem italiana, sou de origem alemã, tem muito mais "appeal". Na realidade o que falta é estudo, principalmente de história pras pessoas...
    O brasileiro em geral é ignorante sobre Portugal e os portugueses!No Brasil,nada tem mais história do que ser descendente de portugueses,tenho orgulho de ter ascendência portuguesa.Essa história de eles serem misturados,pura balela!

  7. #17
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    Acho que os espanhois "ganham" por pouca citação, mas os portugueses na minha opinião são os mais subestimados pois, ao menos aqui no sul, dizer que é de origem portuguesa o ditado é: "sou pelo duro", ou necessariamente misturado... é como que ser de origem portuguesa fosse algo sem história, algo comum demais pra ser citado. Enquanto os que dizem: sou de origem italiana, sou de origem alemã, tem muito mais "appeal". Na realidade o que falta é estudo, principalmente de história pras pessoas...
    Eu também creio que sim, eles passam longe até das aulas de história.

    Concordo plenamente, eles são de longe os mais subestimados. Ter ascendência portuguesa é ser "comum e sem graça" demais aqui onde vivo também. Quanto ao ditado do pelo duro, eu já ouvi muita gente também dizendo que os portugueses não são realmente europeus... lol É uma ignorância de dar vontade de chorar.

  8. #18
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    09-15-2015 @ 01:27 AM
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    Aqui em SP então,só se fala de italianos...é chocante ver como os espanhóis(e portugueses em menor grau) são ignorados pela população em geral...Não entendo isso!
    E o que acho mais "triste" disso é a questão dos sobrenomes. Quem tem sobrenomes portugueses parece algo sem história, parece que a pessoa não tem "origem". Infelizmente, se todos fizessem uma busca profunda de sua genealogia, descobriria histórias muitas vezes mais bonitas que a dos imigrantes mais recentes como os italianos por exemplo. Tenho a história toda da minha família vinda dos Açores e inclusive há um livro, com o meu ramo familiar lá descrito. É realmente algo que muitos não tem a oportunidade, mas que muitos certamente teriam se fosse mais valorizada a colonização portuguesa e ibérica de uma forma geral aqui no Brasil. O que parece acontecer também, ao meu ver, é que há um certo recentimento no consciente coletivo de todos os brasileiros, e reforçado pelas escolas, de que os portugueses vieram pra explorar o brasil, e os índios e negros coitados foram explorados. Apesar de ser verdade, não é esta a única visão, afinal, a história do mundo SEMPRE foi de povos conquistando outros, e subjugando os conquistados. Índios foram conquisatados, tribos de negros foram conquistadas e vendidas por outras tribos de negros para os portugueses, era assim que o mundo funcionava. Talvez coisas que hoje são normais vão virar algo "horrível" num futuro...

  9. #19
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    E o que acho mais "triste" disso é a questão dos sobrenomes. Quem tem sobrenomes portugueses parece algo sem história, parece que a pessoa não tem "origem". Infelizmente, se todos fizessem uma busca profunda de sua genealogia, descobriria histórias muitas vezes mais bonitas que a dos imigrantes mais recentes como os italianos por exemplo. Tenho a história toda da minha família vinda dos Açores e inclusive há um livro, com o meu ramo familiar lá descrito. É realmente algo que muitos não tem a oportunidade, mas que muitos certamente teriam se fosse mais valorizada a colonização portuguesa e ibérica de uma forma geral aqui no Brasil. O que parece acontecer também, ao meu ver, é que há um certo recentimento no consciente coletivo de todos os brasileiros, e reforçado pelas escolas, de que os portugueses vieram pra explorar o brasil, e os índios e negros coitados foram explorados. Apesar de ser verdade, não é esta a única visão, afinal, a história do mundo SEMPRE foi de povos conquistando outros, e subjugando os conquistados. Índios foram conquisatados, tribos de negros foram conquistadas e vendidas por outras tribos de negros para os portugueses, era assim que o mundo funcionava. Talvez coisas que hoje são normais vão virar algo "horrível" num futuro...
    Lusos brasileiros são a nobreza dessa joça, Hahaha

    Eu concordo com tudo que você escreveu. Talvez algum dia veremos uma maior explanação da colonização e influência portuguesa sobre o nosso país. As pessoas se esquecem de que os italianos, alemães, eslavos e etc que aqui chegaram foram assimilados com o passar do tempo em um matriz cultural que já existia: a luso-brasileira e não o contrário.

  10. #20
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    Eu concordo com tudo isso que falou, mas há vários outros lados da questão, também, por assim dizer. Há um aspecto que você talvez não conheça, e a maior parte dos brasileiros não. O forte sentimento anti-brasileiro em Portugal, que é maior até, eu diria, do que o sentimento negativo que eles têm com relação a Cabo Verde e Angola, por exemplo. Brasileiros são os mais maltratados em Portugal, e o retrato do Brasil, nas redes de comunicação portuguesa, é, no geral, negativo. Não há como negar que os italianos são mais simpáticos aos brasileiros, de longe, do que os portugueses, que estão, facilmente, entre os mais hostis a nós (e já pude constatar isso pessoalmente inclusive no Brasil mas também no exterior; e por isso mesmo não fui nem irei a Portugal).

    Concordo que no Brasil as ancestralidades italiana e alemã são privilegiadas, em detrimento da portuguesa. Vejo isso fácil no meu círculo de relacionamentos. Mas há outras razões por trás disso. No período colonial, os brasileiros de origem portuguesa eram maltratados e não tinham condições de ascender no aparato estatal por terem nascido no Brasil. Então há um longo ressentimento aí, e uma história difícil e complicada. Minha ancestralidade, por exemplo, é quase toda portuguesa, mas meus avós nunca falaram em portugueses, e sempre mudaram a conversa quando o assunto era antepassados. Não fossem as minhas próprias pesquisas, testes de DNA, não saberia que minha ancestralidade é quase toda portuguesa. Já o único antepassado alemão que tenho, um tataravô, é super mencionado no meu círculo familiar paterno. Tenho tio que aprendeu alemão, outros que buscaram os documentos dele, etc.

    Esses textos aqui mostram a tensão no período colonial, mas eu poderia incluir outros.

    Essa narrativa de Bento Furtado Fernandes de Mendonça é muito clara sobre as tensões que existiam (e se projetaram depois). Ele era filho do descobridor de riquezas minerais Salvador Furtado Fernandes de Mendonça, de Taubaté:

    Relato clássico dos descobrimentos das Minas Gerais, a "Notícia dos primeiros descobridores das primeiras minas de ouro pertencentes a estas Minas Gerais, pessoas mais assinaladas nestas empresas e dos mais memoráveis casos acontecidos desde os seus princípios", escrita pelo "coronel das três vilas", Bento Furtado Fernandes de Mendonça, falecido em 1765, e filho de um dos mais notáveis bandeirantes dos primeiros anos das minas: Salvador Fernandes Furtado. Esse relato faz menção à Guerra dos Emboabas e permite inferir o estado de espírito daquela época:

    "Correndo os tempos em 1709 para 1710 houve o pernicioso levantamento de que em seu lugar daremos notícia dos ingratos filhos da Europa contra os famosos descobridores destes haveres, para remédio de tantos desválidos Europeus, e contra os Paulistas, não menos empregados nos mesmos descobrimentos e benefícios aos mesmos ingratos; nome este de paulistas odioso entre aqueles, que não os puderam imitar, nem deixar de receber destes favores, que os constituíram ingratos; próprias ações a que a arroja a inveja, em que não permanecem merecimentos e sobra a ambição de senhorear o alheio por meios violentos, ou mesmo razoáveis [...] Neste estado se achavam as Minas correspondendo o rendimento ao custoso trabalho dos mineiros com rendosas conveniências, aumentando, de cada vez mais, o concurso dos negócios e do povo, e do povo de várias partes, e maiormente filhos de Portugal, entre os quais vieram muitos que sendo mais ardiolosos para o negócio quiseram inventar contratos de vários gêneros para mais depressa, e com menos trabalho encherem as medidas, a que aspiravam da incansável ambição, como foi um religioso Trino, cujo nome não faltará quem diga com outro religioso, o chamado Frei Conrado, que atravessaram os negociantes antes de entarem nas Minas [...] Defenderam os paulistas, e alguns dos mais bem intencionados Reinóis, que o não conseguissem; motivos estes, por que foram concebendo um ódio mortal aqueles ambiciosos a estes defensores do bem público, e geral de todos os habitantes, que queriam, fossem oprimidos com tão pernicioso enredo de ambição. Fomentou este ódio com mais rigor o poder, e respeito, que os paulistas lograriam como pessoas principais, e fundadoras as povoações e aumentadas em riquezas e venerações dos favorecidos: coisas que aumentam a inveja, e confirmam o mais fino, e inveterado ódio. Não há dúvida de que muitos Paulistas, observavam pacíficos, humanados ao bom trato, e favor dos Reinóis, recolhendo-os em suas companhias, favorecendo-os em tudo, e aumentado-os dos baixos princípios, com que às Minas chegavam. Havia contudo alguns Paulistas que levados da sua soberania de respeito queriam tributos de adorações, como era sobre todos Jerônimo Pedroso de Barros, como foi notório, e seu irmão Valentim Pedroso de Barros, suposto este por elevados brios, e caprichos do príncipe, que de maldade".
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Emboabas
    Relatos Sertanistas, Afonso de E. Taunay, Ed. da Universidade de São Paulo

    Assim é que Pedro Taques de Almeida Paes Leme descreveu Domingos Rodrigues do Prado, um luso-brasileiro importante no período colonial, que foi maltratado e reagiu, mandando bala no insolente militar:

    Pedro Taques de Almeida Paes Leme conta que, tendo feito assento em uma fazenda no sítio além do rio Parnaíba (na estrada geral que ligava Goiás a São Paulo) um capitão de infantaria Português com a sua companhia de 50 soldados infantes do presídio da vila de Santos, sendo ele arrogante por natureza e oposto por inclinação aos filhos do Brasil, descomediu-se nas palavras de tratamento com Domingos Rodrigues do Prado sobre não ter este as farinhas prontas para o fornecimento do pão à infantaria, não admitindo o motivo que Prado lhe deu na ocasião de que não tinha as tais farinhas prontas, mas que elas seriam feitas com toda a presteza, já que não tinha sido avisado de nada. O tal capitão, tomado de um furor fanático, se alterou em vozes e destratou Domingos Rodrigues do Prado. Embora tenha inicialmente tolerado as primeiras injúrias, Domingos Rodrigues do Prado não suportou a arrogância do capitão, e a isso se seguiu uma troca de vozes alteradas. Então o filho de Domingos Rodrigues do Prado disparou uma arma de fogo e matou o capitão Português, o qual caiu morto em seguida. Neste sítio o capitão foi enterrado, com geral sentimento dos seus comandados, os quais confessaram publicamente que o tal capitão procurou o seu destino. Os soldados foram então prontamente atendidos por Domingos Rodrigues do Prado. "A verdade é que seus soldados reconheceram o despotismo do seu capitão para a fatalidade da sua morte, que não foi pensada do agressor dela; e quando contra os merecimentos da razão quisesse tomar despique o dito sargento, já não tinha partido algum contra as forças de Domingos Rodrigues do Prado, que, percebendo o mais mínimo movimento, certamente seria aquela fazenda não Tróia abrasada, mas abrasadora; porque dos 50 soldados não escaparia um só ao ferro de Domingos Rodrigues; e sobretudo nem a companhia vinha fornecida de pólvora e bala para em corpo de batalha cercar a fazenda".Domingos Rodrigues do Prado faleceu em 1738.
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Domingo...igues_do_Prado

    Não se pode deixar de mencionar, também, que a exaltação do elemento português imediatamente coloca a questão africana e indígena. Os mais africanos e indígenas tendem a ter ressentimento, também, compreensivelmente. É só você se colocar no lugar deles para entender isso.



    Quote Originally Posted by Fraga View Post
    E o que acho mais "triste" disso é a questão dos sobrenomes. Quem tem sobrenomes portugueses parece algo sem história, parece que a pessoa não tem "origem". Infelizmente, se todos fizessem uma busca profunda de sua genealogia, descobriria histórias muitas vezes mais bonitas que a dos imigrantes mais recentes como os italianos por exemplo. Tenho a história toda da minha família vinda dos Açores e inclusive há um livro, com o meu ramo familiar lá descrito. É realmente algo que muitos não tem a oportunidade, mas que muitos certamente teriam se fosse mais valorizada a colonização portuguesa e ibérica de uma forma geral aqui no Brasil. O que parece acontecer também, ao meu ver, é que há um certo recentimento no consciente coletivo de todos os brasileiros, e reforçado pelas escolas, de que os portugueses vieram pra explorar o brasil, e os índios e negros coitados foram explorados. Apesar de ser verdade, não é esta a única visão, afinal, a história do mundo SEMPRE foi de povos conquistando outros, e subjugando os conquistados. Índios foram conquisatados, tribos de negros foram conquistadas e vendidas por outras tribos de negros para os portugueses, era assim que o mundo funcionava. Talvez coisas que hoje são normais vão virar algo "horrível" num futuro...
    Last edited by curupira; 01-31-2015 at 10:29 AM.

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