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Benfica de volta: o esboço (para já) possível para o ataque ao penta
Benfica arranca esta sexta-feira para a nova temporada. Os encarnados têm como primeiro desafio oficial, a 5 de agosto, a Supertaça, novamente frente ao Vitória de Guimarães, finalista vencido no Jamor.
Obviamente que, a mais de um mês de distância do primeiro jogo a doer e sobretudo a mais de dois do fecho de um mercado em que o emblema da Luz continuará sobretudo vendedor, qualquer esboço de plantel poderá ser prematuro e ainda arriscado.
No entanto, assentando ideias na política desportiva recente do clube, em que tem trabalhado por antecipação lugares que sabe que irão em breve ficar desfalcados – casos de Kalaica, Pedro Pereira e Hermes, por exemplo – e também para uma forma mais paciente de encarar o mercado enquanto comprador, apostando sobretudo em jogadores mais jovens e com maior margem de progressão, o MAISFUTEBOL lança aqui um primeiro esboço daquele que poderá ser o grupo às ordens de Rui Vitória na primeira metade da temporada.
Ao que tudo indica, o técnico partirá para a sua terceira temporada e em que atacará o penta com um plantel em grande parte já definido. Os encarnados já perderam dois jogadores importantes, como foram Ederson e Lindelof, e muito se tem falado de Nélson Semedo e até de um dos avançados, Mitroglou ou Jiménez, como elementos que ainda podem sair. Há, como contraponto, dois reforços oficializados na Luz e cujo futuro não haverá dúvidas de que passe pela equipa principal: o avançado Seferovic e o médio Krovinovic. Terá gasto três milhões com o croata e o prémio de assinatura do avançado suíço, não divulgado.
Entre o deve e o haver o Benfica já terá ganho até aqui entre 50 a 60 milhões, com as vendas do guarda-redes brasileiro e do central sueco, e ainda de Marçal, que assinou pelo Lyon. E estará disponível para deixar sair mais um ou dois jogadores desde que surjam boas ofertas.
No que diz respeito a Patrick, Arango e Chrien, ainda não é certo, nesta altura, que comecem a época no grupo que vai atacar a Liga.
Há apenas uma situação mais urgente para resolver, a da baliza.
O MAISFUTEBOL faz a análise posição por posição ao plantel atual dos encarnados.
GUARDA-REDES
A saída de Ederson para o Manchester City abriu novamente caminho a Júlio César para que seja o dono da baliza dos encarnados no seu último ano de contrato. O internacional brasileiro, à beira dos 38 anos, ainda não terá certezas sobre quem será o principal rival na luta pela titularidade. André Moreira é, ao que tudo indica, o escolhido, mas ainda não foi oficializado, e até a questão do terceiro guardião não estará ainda completamente definida. Paulo Lopes tem um último ano de contrato, e o clube recomprou o passe de Bruno Varela, sendo que para o mais jovem fará mais sentido, em teoria, jogar mais frequentemente.
LATERAL-DIREITO
O maior ponto de interrogação está em cima de Nélson Semedo, com o internacional português a ser um dos nomes falados no mercado de verão. Um dos mais utilizados e com maior rendimento da última temporada, Semedo seria obviamente uma baixa importante na defesa, que, recorde-se, já perdeu Ederson e Lindelof. Na calha para substituí-lo, a confirmar-se a transferência, estarão o jovem Pedro Pereira e o polivalente André Almeida, sendo que a juventude do primeiro e as limitações ofensivas do segundo poderão levar a que o Benfica possa aproveitar ainda para reforçar esse lado da defesa. Patrick chega ainda do Marítimo, mas não é certo que seja para ficar.
CENTRAIS
Sem Lindelof, desfaz-se a dupla mais utilizada da última época, abrindo-se espaço, esteja Jardel em condições físicas para tal depois de uma temporada para esquecer, para reatar aquele eixo bem sucedido com Luisão de há dois anos.
Há ainda Lisandro López, Kalaica e anda Rúben Dias. Uma dupla com o argentino e Luisão, tal como com qualquer outro, embora com este existam alguns exemplos no passado, precisará de várias afinações.
A questão da saída de Ederson, que com a sua velocidade a sair dos postes permitia um maior controlo da profundidade – e nesse aspeto Júlio César é bem diferente –, deverá naturalmente entrar na equação na hora de reestruturar a defesa.
As expetativas sobre Kalaica são obviamente grandes, resta saber se Rui Vitória já achará que está no ponto para entrar no onze. Já Rúben Dias fará o estágio, e partirá, se mais ninguém sair, como quinta opção, provavelmente dividindo-se entre a B e os treinos na equipa principal. A não ser que os responsáveis entendam que pode subir um degrau na evolução, com um empréstimo.
LATERAL-ESQUERDO
A lesão de Grimaldo a meio da última época terá eventualmente feito arrefecer o interesse na sua contratação. O internacional sub-21 espanhol – falhou Europeu devido a lesão – é claramente a opção mais forte para o lado esquerdo e, salvo qualquer impedimento, será o preferido de Rui Vitória. Com contrato em vigor há ainda Hermes, que, depois de muito tempo parado, não deslumbrou nos jogos em que foi chamado a competir. Eliseu, por sua vez, está em final de contrato e estuda proposta de renovação. O Benfica estará ainda atento a Ailton, ex-Estoril, o que poderá ter a ver com o fraco rendimento do brasileiro e a indefinição em torno do internacional português, a dar boa conta de si na Taça das Confederações.
MÉDIO DEFENSIVO
Fejsa parte na frente e só os condicionalismos físicos poderão tirar-lhe o lugar. O sérvio foi mais uma vez fundamental durante a temporada, tendo Samaris, sobretudo nos jogos dentro de portas, cumprido satisfatoriamente quando assumiu o lugar. O grego teve, no entanto, questões disciplinares, que o poderão afastar do início da temporada, e ainda, como internacional, algum mercado, aparentemente em Inglaterra. Filipe Augusto, por sua vez, é mais parecido com Samaris do que com Fejsa e até poderá jogar como 8.
MÉDIO CENTRO
Pizzi foi um dos jogadores mais influentes na época passada, se não mesmo o mais influente. Jogou praticamente a época inteira, a partir do momento em que André Horta se lesionou. Carregou a equipa quando não houve Jonas, e não perdeu a influência quando este voltou. Será ele o dono da posição 8, para a qual o Benfica terá olhado com maior atenção este ano – se mantiver o esquema 4x4x2.
O grupo até estará aparentemente preparado para o reforço do setor com um terceiro homem, quando se justificar.
Além do já referido André Horta, cujo apagão não pode apenas ter a ver com questões técnicas ou com o rendimento durante o período inicial da temporada, que foi bem positivo, há também Filipe Augusto, Krovinovic e João Carvalho. O croata perderá a pré-época e terá de recuperar o tempo perdido, mas é visto como um jovem muito prometedor, tal como o português, embora este último possa vir a sentir algumas dificuldades na posição 8, face à tendências mais ofensivas. João Carvalho, que esteve emprestado com bom rendimento ao Vitória de Setúbal, é sobretudo um 10.
Oficializado já está também o internacional sub-21 eslovaco Martin Chrien e também para a posição 8. Assumindo-se como um claro box-to-box, deverá ser um dos elementos a ser testados no estágio. O rendimento determinará depois a continuidade ou não na primeira equipa.
EXTREMO DIREITO
Salvio resistiu a alguns momentos menos bons durante a época, mas terminou forte, com bons números individuais, que também o levaram à seleção argentina. O sul-americano, referência absoluta no plantel encarnado, tem sido tampão à explosão do sérvio Zivkovic, uma vez que foi à direita que o esquerdino desenhou algumas das suas melhores performances. Carrillo, apesar de ter feito uma época distante das expetativas, seria a outra opção. Salvador Agra não será, até por não ter sido oficializado ainda, opção para Vitória.
EXTREMO ESQUERDO
Também do lado esquerdo Cervi e Rafa acrescentam qualidade, embora, também fruto da rotatividade imposta por Vitória, terá ficado a ideia de que ainda não atingiram todo o seu potencial. O argentino acrescenta intensidade, agressividade na procura da bola e também bom posicionamento defensivo, além de ter sido autor de golos importantes, já o português conseguiu emprestar a sua velocidade às transições da equipa, pecando na altura de definir à frente da baliza. Será à volta deles, e também da passagem por aqui de Zivkovic e Carrillo, que se fará a posição. Não esquecer ainda Diogo Gonçalves, o miúdo que brilhou no Mundial sub-20 e que terá pelo menos o prémio de estar no estágio.
SEGUNDO AVANÇADO
Se Jonas voltar como terminou a temporada, o lugar é seu. Continua muito influente aos 33 anos e, face à forma também como é capaz de gerir esforço, acredita-se que pode voltar a ser muito importante para os encarnados. O Benfica, entretanto, reforçou já o setor com Seferovic, que garante também o preenchimento desta e de várias outras posições do ataque. Fundamentalmente ponta de lança, o suíço poderá ser segundo avançado ou mesmo extremo, daqueles extremos que fazem diagonais para a área. Será sobretudo uma solução diferente das que já existiam no plantel.
PONTA DE LANÇA
Se Seferovic é mais um nome para a luta face à sua polivalência, esta começa, aparentemente e mais uma vez se não houver novidades de mercado, com Raúl Jiménez e Mitroglou. O mexicano acabou a temporada a titular, mas a meio chegou a noticiar-se que iria ser vendido a um clube chinês. O grego esteve, por sua vez, em grande forma durante boa parte da temporada, mas perdeu o lugar no fim e surgiram entretanto notícias de uma possível saída. Se surgir uma venda neste setor não será, portanto, de estranhar, uma vez que ainda estará para chegar Arango, oficializado pelo Millonarios, e ainda se fale de Lima, aos 34 anos e depois de um ano com algumas lesões e poucos jogos realizados. O jovem colombiano seguirá também para estágio.
CONCLUSÃO:
Menos ambicioso e agressivo no mercado, o Benfica parte para a nova época ainda vendedor e à procura de jovens jogadores que evoluam no clube e que garantam boas vendas a médio e longo prazo. Tem olhado também para o mercado português, como é o caso de Krovinovic, e com a mesma perspetiva.
Nesta altura, o setor mais debilitado é o defensivo, com duas saídas importantes, que deverão ser resolvidas a curto prazo com gente que já existe na casa (Júlio César, Kalaica), embora na posição específica de guarda-redes ainda seja preciso contratar.
Rui Vitória conta com um plantel aparentemente mais equilibrado, sobretudo no meio-campo, e com maior facilidade de desdobramento em esquemas diferentes, embora seja de sublinhar o desinvestimento progressivo ao longo dos últimos anos (apesar do aparente excesso na contratação de Rafa). Não são também por isso esperados nomes sonantes para o reforço da equipa, salvo qualquer oportunidade de circunstância.
Com o fecho do mercado a dois meses de distância, e sendo sobretudo vendedor, este ou qualquer outro cenário são obviamente arriscados, mas não é de esperar grandes oscilações na equipa. Tem existido um certo planeamento, que poderá ajudar o grupo a manter qualidade mínima para atacar os objetivos, assente ainda em quatro anos de sucessos consecutivos. É, no entanto, sempre necessário que as soluções encontradas correspondam ao que delas se espera.
http://www.maisfutebol.iol.pt/liga/p...539.1498817703
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