Cavaco Silva recebeu no dia dedicado internacionalmente a Mandela, que completa hoje 93 anos, um grupo de jovens da academia Ubuntu, que forma para a liderança filhos de imigrantes e que tem no antigo líder sul-africano uma das inspirações.
“Tive o privilégio de contactar com Nelson Mandela. Foi talvez uma das visitas que mais me marcou. Ele veio a Portugal em 1993, recebi-o como primeiro-ministro”, contou Cavaco Silva.
O Chefe de Estado descreveu
“um homem que tinha passado 27 anos na prisão e que revelava o mínimo ressentimento, a mínima vontade de vingança, apostava tudo no diálogo, na negociação, para construir uma sociedade sem apartheid, uma sociedade justa”.
“Um gigante do nosso tempo”, concluiu Cavaco Silva, recordando um artigo que escreveu sobre Mandela quando o prémio Nobel da Paz completou 90 anos.
“É grande a vossa responsabilidade, dado que têm como inspirador um homem com esta grandeza”, afirmou aos jovens a quem desejou “o maior sucesso no contributo para melhorar a situação da comunidade” em estão inseridos.
Cavaco Silva descreveu Portugal como
“uma nação de muitas nações”, em que
“há uma preocupação de que todos convivam de uma forma amiga”.
“Não sei se existem muitos outros países em que haja um esforço, um esforço claro para a convivência de todas as comunidades”, afirmou.
Cavaco Silva e a mulher ajudaram os jovens da academia Ubuntu no lançamento de 67 balões coloridos, tantos quanto durou a luta de Nelson Mandela pelo fim do apartheid, para construir a sociedade multicultural e multirracial a que chama de
“nação arco-íris”.
Antes, o Presidente ouviu alguns jovens da academia. Ana Fernandes, de 31 anos, licenciada em animação sócio-cultural, lembrou Mandela como um
“exemplo para o mundo pela sua luta contra o racismo e em defesa da paz”.
Sobre o projecto da academia Ubuntu, Ana Fernandes disse ser
“um sinal muito claro de que também em Portugal se procuram concertar medidas que promovam a erradicação da discriminação e tornem mais efectivas a participação e a inclusão de todos os jovens negros nascidos em Portugal e das suas famílias”.
Cerca de 40 jovens da Grande Lisboa foram seleccionados para a academia a partir da indicação de associações de imigrantes, culturais e de bairro, juntas de freguesia e câmaras municipais, e projectos do programa
“Escolhas”.
Apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Universidade Católica, o projecto, que pela primeira vez se realiza em Portugal, inclui formações que duram um ano lectivo e culminará numa conferência em Outubro, passando por uma viagem à África do Sul em Setembro.
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