È o sul do Minas Gerais muito Italiano?

[zueira]

Aqui tem o número de italianos em algumas cidades em 1920. É fácil localizar na imagem pois é, geralmente, o maior número de estrangeiros. Várias cidades tem mais de mil italianos, mas, apesar do número até elevado, proporcionalmente é um número pequeno em comparação à população no geral.

Guaxupé
Attachment 126157

Poços de Caldas e Pouso Alegre
Attachment 126158

Ouro Fino
Attachment 126159

Guaranésia
Attachment 126160

Varginha
Attachment 126161

De onde sua família é?

[Camargo]

De onde sua família é?

Não sou mineiro, mas já fui bastante ao Sul de Minas (que gosto bastante) por já ter morado em regiões de São Paulo próximas à divisa com essa região (Franca e Taubaté).

[zueira]

Não sou mineiro, mas já fui bastante ao Sul de Minas (que gosto bastante) por já ter morado em regiões de São Paulo próximas à divisa com essa região (Franca e Taubaté).

Acho que vc não entendeu a pergunta! Eu só queria saber de onde vêem sya família? Seus pais, avós e bisavós são da onde?

[Camargo]

Acho que vc não entendeu a pergunta! Eu só queria saber de onde vêem sya família? Seus pais, avós e bisavós são da onde?

Ah, sim. Peço desculpas.

Minha família é do interior de São Paulo (maioria da região de Sorocaba, mas tenho parentes por todo o estado). Praticamente toda minha família é de origem colonial, tirando dois bisavós portugueses.

[zueira]

Ah, sim. Peço desculpas.

Minha família é do interior de São Paulo (maioria da região de Sorocaba, mas tenho parentes por todo o estado). Praticamente toda minha família é de origem colonial, tirando dois bisavós portugueses.

Interessante! Nenhum mineiro ou nordestino entre seus antepassados?

[Camargo]

Interessante! Nenhum mineiro ou nordestino entre seus antepassados?

Pelo que eu achei na minha árvore genealógica, há sim, se não estou enganado, mineiros de origem paulista antiga (nordestinos, até hoje não achei). Coisa do tipo o cara ter nascido em 1700 e poucos em Goiás ou Minas, os pais serem de Taubaté ou outra vila paulista, e dai o filho dele ser de Sorocaba. O que não era incomum já que São Paulo englobava praticamente todo o centro-sul do Brasil nessa época e, mesmo depois da desmembração dessas regiões, continuou com fortes relações comerciais com essas capitanias. O próprio Sul de Minas foi originalmente povoado quando os paulistas se retiraram da região mineradora de Ouro Preto/Mariana/São João del-Rei (embora vários tenham aceitado ficar e se misturado com os portugueses que vieram depois) depois da Guerra dos Emboabas.

Através daqueles sites de genealogia, dei "parentesco" com várias pessoas no Paraná, Goiás, Minas, Mato Grosso etc.

[zueira]

Pelo que eu achei na minha árvore genealógica, há sim, se não estou enganado, mineiros de origem paulista antiga (nordestinos, até hoje não achei). Coisa do tipo o cara ter nascido em 1700 e poucos em Goiás ou Minas, os pais serem de Taubaté ou outra vila paulista, e dai o filho dele ser de Sorocaba. O que não era incomum já que São Paulo englobava praticamente todo o centro-sul do Brasil nessa época e, mesmo depois da desmembração dessas regiões, continuou com fortes relações comerciais com essas capitanias. O próprio Sul de Minas foi originalmente povoado quando os paulistas se retiraram da região mineradora de Ouro Preto/Mariana/São João del-Rei (embora vários tenham aceitado ficar e se misturado com os portugueses que vieram depois) depois da Guerra dos Emboabas.

Através daqueles sites de genealogia, dei "parentesco" com várias pessoas no Paraná, Goiás, Minas, Mato Grosso etc.

Vc é uma raridade hoje em dia em são paulo, paulista sem sangue Mineiro ou nordestino ou muitos antepassados recentes europeus na linhagem da família.

[Camargo]

Vc é uma raridade hoje em dia em são paulo, paulista sem sangue Mineiro ou nordestino ou muitos antepassados recentes europeus na linhagem da família.

Na verdade, não é bem assim. No interior de São Paulo é bem comum ainda ter gente descendente dos antigos habitantes. A imigração se concentrou mais em algumas áreas do estado. Regiões como o Sudoeste Paulista (Itu/Sorocaba/Itapetininga/Tatuí/Itapeva), Vale do Paraíba (Jacareí/São José dos Campos/Taubaté/Pindamonhangaba/Guaratinguetá) e até a região Mogiana beirando a serra da Mantiqueira (Bragança Paulista/Mogi-Guaçu/Franca) tiveram uma imigração bem mais modesta do que na região de Campinas ou Ribeirão Preto. E a migração dos outros estados aqui no interior é majoritariamente das regiões vizinhas (norte do Paraná e sul de Minas, que são regiões parecidas com o interior de São Paulo em si).

Esse mapa mostra a distribuição das plantações de café, para onde a maioria dos imigrantes se direcionava, em 1910. O café é esse verde escuro, basicamente uma mancha entre Campinas e Ribeirão Preto.
.


Esse mapa mostra a distribuição da imigração em São Paulo no censo de 1920. Note que a maioria dos municípios não chega a 20% de população estrangeira, tirando os da "mancha do café".



Essas tabelas a seguir são mostrando o nascimento segundo filiação para o ano de 1900, de um relatório organizado pelo próprio governo paulista da época. Notem como os municípios onde o café era mais forte tinham um número de nascimentos por pais estrangeiros muito maior do que os que onde o impacto da imigração foi menor.

Araraquara (região de forte produção de café e muita imigração), Araras (outro município produtor) e a diferença para Atibaia (pouca produção de café e imigração modesta)


Campinas (nem preciso falar) e a Capital (só tinha imigrante, praticamente)


Franca, Guaratinguetá e Itapetininga (imigração modesta ou pouca imigração) e a diferença para Indaiatuba e Itapira (imigração significativa, mas população local bem presente também)


São Carlos (imigração fortíssima e principal produtor de café na época) e a diferença pra São José dos Campos (imigração fraquíssima)


Taubaté e Itu (imigração fraca a moderada) e os números no geral para o nascimento de brasileiros e estrangeiros no estado.


Aqui o mapa de sobrenomes não-ibéricos, mantendo o mesmo padrão para o estado de São Paulo (concentração nos arredores de Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, onde o café se expandiu a partir de 1920).



A imigração em São Paulo foi sim muito importante (eu mesmo sou descendente de imigrantes), mas não foi distribuída de forma homogênea. A capital e vizinhanças foi inundada por imigrantes, mas o interior recebeu bem menos (proporcionalmente), tirando os principais municípios produtores de café. Prova disso é o próprio dialeto paulistano, fortemente influenciado pelo italiano, enquanto o dialeto caipira prevalece no interior.

[Camargo]

Não sei se alguém aqui já leu Monteiro Lobato, mas ele deixa bem claro essa diferença de imigração dentro do próprio estado de São Paulo em suas obras Cidades Mortas e Urupês.

Monteiro Lobato detestava o caboclo (mistura de índio com europeu), por conta de problemas que teve com eles em uma fazenda que ele havia herdado do pai, próximo a São José dos Campos, e considerava esse habitante um dos principais responsáveis pelo atraso econômico da região do Vale do Paraíba (de onde ele era). O personagem do Jeca-Tatu foi criado para ridicularizar esse típico habitante ali da região. Para ele, o caboclo era o atraso e, o italiano, o progresso: "À medida que o progresso vem chegando com a via férrea, o italiano, o arado, a valorização da propriedade, vai ele [o caboclo, ou jeca] refugindo [recuando] em silêncio, com o seu cachorro, o seu pilão, a [espingarda] picapau e o isqueiro, de modo a sempre conservar-se fronteiriço, mudo e sorna [preguiçoso]. Encoscorado numa rotina de pedra, recua para não adaptar-se" (escrito no artigo Velha Praga, publicado no Estado de São Paulo em 1914).

Ele considerava Ribeirão Preto como um modelo (devido, entre outras coisas, à forte imigração italiana) e citou a cidade no livro Cidades Mortas, em que ele critica o Vale do Paraíba devido ao atraso econômico pelo qual essa região passava. O Vale estava bem abandonado, praticamente nem atraia imigração, e boa parte de sua população migrava para outras regiões paulistas.

[zueira]

Na verdade, não é bem assim. No interior de São Paulo é bem comum ainda ter gente descendente dos antigos habitantes. A imigração se concentrou mais em algumas áreas do estado. Regiões como o Sudoeste Paulista (Itu/Sorocaba/Itapetininga/Tatuí/Itapeva), Vale do Paraíba (Jacareí/São José dos Campos/Taubaté/Pindamonhangaba/Guaratinguetá) e até a região Mogiana beirando a serra da Mantiqueira (Bragança Paulista/Mogi-Guaçu/Franca) tiveram uma imigração bem mais modesta do que na região de Campinas ou Ribeirão Preto. E a migração dos outros estados aqui no interior é majoritariamente das regiões vizinhas (norte do Paraná e sul de Minas, que são regiões parecidas com o interior de São Paulo em si).

Esse mapa mostra a distribuição das plantações de café, para onde a maioria dos imigrantes se direcionava, em 1910. O café é esse verde escuro, basicamente uma mancha entre Campinas e Ribeirão Preto.
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Esse mapa mostra a distribuição da imigração em São Paulo no censo de 1920. Note que a maioria dos municípios não chega a 20% de população estrangeira, tirando os da "mancha do café".



Essas tabelas a seguir são mostrando o nascimento segundo filiação para o ano de 1900, de um relatório organizado pelo próprio governo paulista da época. Notem como os municípios onde o café era mais forte tinham um número de nascimentos por pais estrangeiros muito maior do que os que onde o impacto da imigração foi menor.

Araraquara (região de forte produção de café e muita imigração), Araras (outro município produtor) e a diferença para Atibaia (pouca produção de café e imigração modesta)


Campinas (nem preciso falar) e a Capital (só tinha imigrante, praticamente)


Franca, Guaratinguetá e Itapetininga (imigração modesta ou pouca imigração) e a diferença para Indaiatuba e Itapira (imigração significativa, mas população local bem presente também)


São Carlos (imigração fortíssima e principal produtor de café na época) e a diferença pra São José dos Campos (imigração fraquíssima)


Taubaté e Itu (imigração fraca a moderada) e os números no geral para o nascimento de brasileiros e estrangeiros no estado.


Aqui o mapa de sobrenomes não-ibéricos, mantendo o mesmo padrão para o estado de São Paulo (concentração nos arredores de Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, onde o café se expandiu a partir de 1920).



A imigração em São Paulo foi sim muito importante (eu mesmo sou descendente de imigrantes), mas não foi distribuída de forma homogênea. A capital e vizinhanças foi inundada por imigrantes, mas o interior recebeu bem menos (proporcionalmente), tirando os principais municípios produtores de café. Prova disso é o próprio dialeto paulistano, fortemente influenciado pelo italiano, enquanto o dialeto caipira prevalece no interior.

Eu tb sou do interior é da região de Campinas e de todos que eu conheço em todas as classes sociais eu nunca conheci alguém sem sangue nordestino ou mineiro ou descendente recentes se imigração europeia.

Outra coisa que muitos se esquecem essas regiões que receberam forte imigração europeia e depois forte migração interna de minas e Nordeste são as regiões mais populosas do estádo de são paulo! Lembrando que os migrantes são quase 25% da população do estado.