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Thread: Portugal no Mundo - que futuro?

  1. #1
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    Default Portugal no Mundo - que futuro?

    Qual acham que deve ser o papel de Portugal no Mundo, futuramente?

    Acho que se continuarmos na União Europeia nunca passaremos da cepa torta e seremos sempre não só considerados como periféricos mas mais ainda, seremos sempre os periféricos dos periféricos. A UE está moldada apenas para os grandes e para os amigos dos grandes e sobretudo tem um cunho franco-germânico (e amigos) que nos irá relegar sempre para terceiro ou quarto plano. A actual crise económica veio só acentuar mais ainda esse aspecto e pôr a descoberto muita falsidade. Há uma divisão norte/sul/leste na Europa que não é superada por qualquer tentativa de "união".

    Infelizmente noto que Portugal continua a ser um dos países mais menosprezados da Europa ocidental, se não mesmo o mais menosprezado. Temos uma cozinha rica e variada tendo em conta o tamanho do nosso país, contudo as cozinhas francesa e italiana ofuscam-na completamente. Pelo contrário, a cozinha espanhola tem conseguido nos últimos anos fazer ver-se e ser falada, especificamente a cozinha catalã granjeou muitos fãs e prémios internacionais. Nos livros turísticos e nos rankings internacionais pouco leio sobre a cozinha portuguesa, o que é chato e imerecido. O mesmo se aplica aos nossos vinhos: nos restaurantes de renome internacionais as listas são compostas maioritariamente por vinhos franceses e italianos e muito raramente lá consta um vinho tinto, branco ou verde português (apenas os tradicionais portos e madeiras) - nesse aspecto, até os vinhos da Califórnia ou Austrália, com actividade vinícola muito recente, nos ultrapassaram.

    Em termos de promoção da nossa oferta turística, ainda há poucos dias via um ranking da Lonely Planet com vários locais junto ao mar imperdíveis neste Verão na Europa e, incrivelmente, não listava um único local em Portugal. Por incrível que pareça constavam lá países como a Lituânia e a Inglaterra!

    Mesmo aqui neste fórum, e noutros, se nota que não só o sul da Europa é menosprezado no geral, mas que o desconhecimento sobre Portugal é muito maior do que o de outros países do sul da Europa.

    Na minha opinião, e agora idealizando um pouco, gostaria de ver Portugal sair da União Europeia - por sua vontade ou por colapso da mesma - e voltar-se novamente para os seus territórios coloniais, criando com eles um grande espaço económico transcontinental, surgindo novamente como uma potência mundial e não como o parente pobre de uma Europa que o menospreza. Penso que temos um passado glorioso e de grandes feitos e que, infelizmente, nem o passado recente, nem o presente nem o futuro que se perspectiva o parecem honrar e fazer justiça.

    Opiniões?

  2. #2
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    Muitas das coisas de que aqui falas são culpa nossa, da nossa falta de engenho e da nossa tendência para o miserabilismo e para a pequenez. Eu não percebo esta atitude, tanto país mais pequeno e insignificante (e mais pobre) que nós há nessa europa e só nos comparamos com os ricos e poderosos, isso em si pode não ser mau mas não precisamos de nos autodiminuir e podemos pensar também que muito há pior que nós, pelo menos se for necessário para nos dar autoestima, porque é assim que os poderosos fazem, tratam-nos mal para se sentirem bem e nós em vez de escoicinhar e mostrar que estão errados, anuímos... isso é meio caminho para nos darem mais porrada a seguir.

    Parecem as relações entre as crianças, quando somos miúdos, se não nos defendermos e distribuirmos umas bofetadas e pontapés aos outros, mesmo que maiores e nos arrisquemos a levar também a seguir, não nos respeitam e levamos de todos.

    No fundo isto é tudo muito simples.
    Temos mostrar que temos mais do que cozinha. Nós não temos muita influência nas pessoas que decidem onde é que está a cozinha boa porque esses decidem para eles próprios, é uma espécie de Ordem dos Engenheiros à portuguesa. Para marcar pontos temos que fazer o mesmo que os Catalães, ir à luta e mostrar que somos muito melhores que a ideia que alguns fazem de nós. Agora dão cartas e estão-se a marimbar para franceses e italianos. O mercado é que vai dizer quem é bom, não são os opinion makers (nem a Ordem dos Engenheiros).
    Há outra opção. Essa opção é uma que aparentemente não sabemos jogar, por isso nunca ganhámos o Festival da Canção. Trata-se de comprar a admiração dos outros. Eles estão receptivos a receber alcagoitas e alguns estão dispostos a pagar para que um maravilhoso destino do Báltico apareça nos melhores e mais apetecíveis da Europa. Eu acredito no mercado e acho que não vão ser umas fotos no lonly planet que vão fazer as nossas praias, os nossos monumentos, a nossa paisagem e as nossas cidades perder clientes, aí temos uma imagem no mercado e recebemos muitos milhões de turistas todos os anos, não há Báltico que nos roube isso.

    Eu acho que não devemos fugir para lado nenhum, antes temos que enfrentar esses gajos e mostrar que somos melhores. Fugir para soluções mais fáceis é má política, lembra-me aquele pessoal que até gosta de ciências mas foge dessa área porque não gosta de matemática e em vez de aprender a resolver esse problema de vida, vai-se meter no beco-sem-saída das letras…

  3. #3
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    Talvez porque já fomos muito "grandes" num passado que se pode dizer ainda relativamente recente, apesar de geograficamente sermos pequenos, temos sempre a "mania" de nos compararmos com os mais ricos e poderosos - porque na consciência colectiva nós, tendo em conta o nosso percurso histórico, também devíamos ser "ricos e poderosos". Está-nos travado na garganta alguma coisa. Claro que se pensarmos nos países dos balcãs e noutros tantos do leste europeu podemos massajar o ego, mas no fundo nós gostaríamos era de ser influentes no mundo: económica e culturalmente - eu acho e desejo que esse seja o nosso futuro, chamem-me neo-colonialista ou imperialista ou saudosista, lol.

    Acho que se devia investir mais e melhor na promoção do que temos, gastronomia inclusivamente, a campanha Portugal Europe's West Coast devia ser para sempre para nos distanciarmos do carimbo do Mediterrâneo e nos afirmarmos como o povo atlântico que sempre fomos. Certamente que o facto da cozinha catalã se ter tornado famosa e "chique" na última década teve também algum envolvimento político ou apoios privados, também há essa possibilidade, no sentido de apoiar o seu desenvolvimento e expansão para o exterior nos círculos gourmet. Em Portugal fazia falta mais gente com dinheiro disposta a apoiar aquilo que é português e em levar o que é português ao mundo para que os restaurantes de topo em Nova Iorque tenham vinhos tintos portugueses na lista ao invés de apenas vinhos franceses, italianos, espanhóis, australianos e californianos. Por exemplo, o ministro da Economia foi ridicularizado por ter sugerido um franchising dos pastéis de nata e a sua exportação para o mundo, mas eu acho que é precisamente isso que faz falta. A mim agradar-me-ia ver uma cadeia multinacional de sucesso chamada, sei lá, "Nata" ou "Natas" (até é fácil de pronunciar pelos estranjas), à semelhança de uma Starbucks, onde eu em Sydney, Rio de Janeiro, Tóquio, Oslo ou Montréal entrasse e pudesse ver a nossa pastelaria e cafetaria representada, ou melhor, Portugal representado (sem ter que ser com recurso aos emigrantes). Eu acho que temos potencial, falta é o empreendedorismo necessário e as políticas que facilitem ou incentivem também. Na África do Sul há a Nando's, multinacional de frango assado criada por portugueses, teria sido excelente se tivesse sido aqui e não lá.

    O desporto também é muito importante para estabelecer o sucesso de um país e a sua influência cultural no mundo. Num outro tópico falavam no sucesso de Espanha em várias modalidades desportivas nos últimos anos. É de facto espantoso que estejam agora nos pódios do atletismo, ténis, ciclismo, futebol, fórmula 1, etc. O desporto também promove muito um país. Temos bons atletas, mas poucos. Precisamos de mais. Não sei muito bem como é que funciona o financiamento dos atletas de alta competição mas de uma coisa tenho a certeza: é preciso de mais financiamento e de mais condições para atrair mais e melhores atletas e para podermos saltar para as primeiras páginas do desporto internacional de uma forma menos esporádica daquela que tem vindo a acontecer até aqui, sendo que a única modalidade com mediatismo relevante em termos internacionais tem sido sobretudo o futebol.

    Concordo que não se tem de fugir e sim enfrentar, mas atingindo um certo patamar eu virava as costas à UE em certos aspectos, ao estilo de uma Noruega (vale-lhes o petróleo) ou Suíça (vale-lhes os bancos) - não quer dizer que cortasse relações. Ou seja, quando nós tomassemos conta com as nossas empresas (sendo que as estratégicas deveriam ser nacionalizadas ao invés de vendidas ao desbarato a interesseiros chineses, angolanos e afins) monopolizarem os mercados nas ex-colónias. Seria óptimo que a Galp Energia fosse do Estado e detivesse o monopólio da exploração petrolífera em Angola e no Brasil e que chutássemos de lá para fora as BP (Reino Unido), Total (França) e outras empresas estrangeiras que até têm mais "share" da coisa do que nós próprios num território que já foi nosso. Devia ser esse o objectivo estratégico de Portugal, para se tornar num gigante económico e cultural. Mas os interesses pessoais ou partidários falam mais alto do que um grande desígnio nacional e estão mais voltados para um grande desígnio europeu sequestrado pela Alemanha e amigos em benefício próprio.

    Provavelmente o mundo chegou a um impasse com esta crise semelhante aos que antecederam grandes guerras e mudanças de eixos de poder no mundo ao longo da história e só uma refundação da actual ordem mundial, com o estabelecimento de uma nova ordem mundial, permitirá avançar para o próximo capítulo. Por vezes penso que seria o melhor para Portugal se soubesse aproveitar.

    Um momento de idealismo, lol!
    Last edited by Rouxinol; 07-06-2012 at 03:04 AM.

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